sexta-feira, 29 de julho de 2011


Poema X

Suave é a bela como se música e madeira,
ágata, telas, trigo, pêssegos transparentes,
foram erigidas as fugitivas estátuas.

Fazia a onda dirige-se sua contraria frescura.
O mar molha pés polidos e marcados
a forma recém trabalhada na areia
e é agora seu fogo feminino de rosa
num só borbulho que o sol e o mar combatem.

Ai, que nada te toque se não o sal do frio!

Que nem o amor destrói a primavera intacta.
Formosa, reverberante de indelével espuma,
deixa que teus quadris imponham na água
uma medida nova de cisne e de nenúfar

e navega tua estátua pelo cristal eterno.

Pablo Neruda