quinta-feira, 10 de março de 2011


Floriram por Engano
 as Rosas Bravas

Floriram por engano as rosas bravas 
No inverno: veio o vento desfolhá-las... 
Em que cismas, meu bem? Porque me calas 
As vozes com que há pouco me enganavas? 
Castelos doidos! Tão cedo caístes!... 
Onde vamos, alheio o pensamento, 
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento 
Perscrutaram nos meus, como vão tristes! 
E sobre nós cai nupcial a neve, 
Surda, em triunfo, pétalas, de leve 
Juncando o chão, na acrópole de gelos... 
Em redor do teu vulto é como um véu! 
Quem as esparze _quanta flor! _do céu, 
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos? 

Camilo Pessanha