domingo, 7 de novembro de 2010


A Arte de Ser Amada

Eu sou líquida mas recolhida 
no íntimo estanho de uma jarra 
e em tua boca um clavicórdio 
quer recordar-me que sou ária 

aérea vária porém sentada 
perfil que os flamingos voaram. 
Pelos canteiros eu conto os gerânios 
de uns tantos anos que nos separam. 

Teu amor de planta submarina 
procura um húmido lugar. 
Sabiamente preencho a piscina 
que te dê o hábito de afogar. 

Do que não viste a minha idade 
te inquieta como a ciência 
do mundo ser muito velho 
três vezes por mim rodeado 
sem saber da tua existência. 

Pensas-me a ilha e me sitias 
de violinos por todos os lados 
e em tua pele o que eu respiro 
é um ar de frutos sossegados. 


Natália Correia