quinta-feira, 9 de setembro de 2010


A um Corpo Perfeito

Nenhum corpo mais lacteo e sem defeito 
Mais roseo, esculptural e femenino, 
Pode igualar-se ao seu, branco e divino 
Imóvel, nú, sobre o comprido leito! - 

Nada te eguala! O ferro do assassino 
Podia, hoje, mata-la, que o meu peito 
Seria o esquife embalsamado e fino 
D'aquele corpo sem rival, perfeito. 

Por isso é muito altiva e apetecida; - 
E o goso sensual de a vêr vencida 
Ha de ser forte, extranho e singular... 

Como o das cousas dignas de castigo; 
- Ou d'um amante sacerdote antigo, 
Derrubando uma deusa d'um altar. 

António Gomes Leal