quarta-feira, 6 de outubro de 2010


O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, 
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes. 
Sequências de convergências e divergências, 
ordem e dispersões, transparência de estruturas, 
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas. 

Geometria que respira errante e ritmada, 
varandas verdes, direcções de primavera, 
ramos em que se regressa ao espaço azul, 
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem 
composta pelo vento em sinuosas palmas. 

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio. 
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena. 
Sou uma pequena folha na felicidade do ar. 
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis. 
É aqui, é aqui que se renova a luz. 

António Ramos Rosa

Um comentário:

  1. Voce não acredita
    Eu tenho um jardim de 26 afilhadas.
    A mais velha já tem uns 29 anos. E minha prima primeira.
    E tenho esta mocinha de 21 anos. Eu não a via desde o seus 18 anos. Acredita?
    Adorei a poesia!
    com carinho MOnica

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