sábado, 26 de março de 2011


A Dama das Horas

Um brilho elegante impresso nos olhos
Derrama gotas de ameno mistério
E um gesto lento impresso no ar
Desafia o caminhar das horas.

Perdida em si mesmo
Mas dominando os séculos
Ela apascenta a crueldade do tempo
E silencia todos os bronzes.

E, não sei se pelo brilho elegante
Se pelo mistério ameno
Pelo desafio do gesto lento
Ou pelo calar dos bronzes
Deixa um instante indelével
Guardado em mim.

Luís Bogo

quinta-feira, 24 de março de 2011


A poesia é a fundação do ser pela palavra.

Martin Heidegger

terça-feira, 22 de março de 2011


O que as grandes e puras afeições têm de bom 
é que depois da felicidade de as ter sentido, 
resta ainda a felicidade de recordá-las.

Alexandre Dumas (filho)

sábado, 19 de março de 2011


Sabedoria do Mundo

Não fiques em terreno plano. 
Não subas muito alto. 
O mais belo olhar sobre o mundo 
Está a meia encosta. 

Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 18 de março de 2011



As juras mais fortes 
consomem-se no fogo da paixão 
como a mais simples palha.

William Shakespeare

quinta-feira, 10 de março de 2011


Floriram por Engano
 as Rosas Bravas

Floriram por engano as rosas bravas 
No inverno: veio o vento desfolhá-las... 
Em que cismas, meu bem? Porque me calas 
As vozes com que há pouco me enganavas? 
Castelos doidos! Tão cedo caístes!... 
Onde vamos, alheio o pensamento, 
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento 
Perscrutaram nos meus, como vão tristes! 
E sobre nós cai nupcial a neve, 
Surda, em triunfo, pétalas, de leve 
Juncando o chão, na acrópole de gelos... 
Em redor do teu vulto é como um véu! 
Quem as esparze _quanta flor! _do céu, 
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos? 

Camilo Pessanha

terça-feira, 8 de março de 2011


O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas, 
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes. 
Sequências de convergências e divergências, 
ordem e dispersões, transparência de estruturas, 
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas. 

Geometria que respira errante e ritmada, 
varandas verdes, direções de primavera, 
ramos em que se regressa ao espaço azul, 
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem 
composta pelo vento em sinuosas palmas. 

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio. 
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena. 
Sou uma pequena folha na felicidade do ar. 
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis. 
É aqui, é aqui que se renova a luz. 

António Ramos Rosa