domingo, 19 de setembro de 2010


Lembrança

Fui Essa que nas ruas esmolou 
E fui a que habitou Paços Reais; 
No mármore de curvas ogivais 
Fui Essa que as mãos pálidas poisou... 

Tanto poeta em versos me cantou! 
Fiei o linho à porta dos casais... 
Fui descobrir a Índia e nunca mais 
Voltei! Fui essa nau que não voltou... 

Tenho o perfil moreno, lusitano, 
E os olhos verdes, cor do verde Oceano, 
Sereia que nasceu de navegantes... 

Tudo em cinzentas brumas se dilui... 
Ah, quem me dera ser Essas que eu fui, 
As que me lembro de ter sido... dantes!... 

Florbela Espanca

Um comentário:

  1. Me gustó mucho la ilustración. El poema que nos compartes el día de hoy, bello.

    Saludos cordiales, Jacque.

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